REMEDIAÇÃO

Ouvidoria
A análise de documentos e do banco de dados da Ouvidoria criada pela Fundação Renova, um canal para o recebimento de denúncias, mostrou, entre outras conclusões, uma demora superior a 6 meses para a resolução da maioria dos chamado.
Entre as recomendações feitas ao canal pelo Projeto Rio Doce, em parceria com a consultoria Ramboll, estão a revisão de fluxos e processos, para garantir transparência, previsibilidade e redução do tempo de resolução, com priorização dos casos de danos severos e de situações vulneráveis.

Cadastro Socioeconômico
A análise do cadastro concebido pela Fundação Renova para identificar os atingidos e atingidas, assim como os danos sofridos, revelou, entre outras conclusões, a existência de critérios excludentes nos procedimentos utilizados para cadastramento. Não foram considerados danos imateriais, à saúde e aqueles relativos à água, nem impactos indiretos. Houve também diagnóstico de demora excessiva no atendimento individual (média de 194 dias).

Situação das mulheres
As recomendações internacionais de reparação de desastres enfatizam a necessidade de tratamento prioritário a grupos vulneráveis. Como esse objetivo, o Projeto Rio Doce avaliou como as demandas das mulheres estavam sendo reconhecidas e processadas nas ações da Fundação Renova, com base nos dados da Ouvidoria.
Nesses relatos, predominaram queixas sobre renda e atividade econômica, programas da Fundação, questões de saúde, sobrecarga doméstica e aumento de conflitos familiares e comunitários, muitas vezes de forma cruzada.

Moradia
A demora da Fundação Renova na resposta e reparação de danos severos ao direito à moradia das comunidades atingidas pelo desastre podem agravar essa situação de uma forma irreversível. A espera prolongada pelo reassentamento coletivo levou muitas famílias que se viram desabrigadas a desistir do processo ou procurar indenização individual, que não garante a reconstrução do seu modo de vida anterior ao rompimento da barragem.
As famílias atingidas que continuam no processo de reassentamento coletivo, por sua vez, deparam-se com decisões que ameaçam sua qualidade de vida. O terreno escolhido para o reassentamento da comunidade de Paracatu de Baixo, em Mariana (MG), apresenta uma declividade superior a 30%, o que dificulta o acesso a partes internas das residências e de espaços de uso comunitário.