Somam-se a esses dados as 65 manifestações judiciais registradas entre agosto de 2020 e outubro de 2021 que mencionam o Novel. Do total, 37 manifestações apresentaram problemas concretos no Novel em discussão na Justiça. Ao lado de uma série de elogios à concepção do sistema, há importantes críticas e percepções negativas relacionadas a falhas nos processos.
O histórico de evolução do modelo indenizatório revela assimetrias diversas, como o fato de poucos advogados concentrarem a liderança da implementação do sistema: os primeiros cinco advogados/escritórios em número de clientes concentram 20,4% dos valores dos honorários pagos. Além disso, são relatadas abordagens por parte de advogados consideradas abusivas, como coerções, ameaças e a cobrança de honorários em valor superior aos 10% descontados diretamente na plataforma da Fundação Renova, onde são registrados os danos e apurados os valores a serem pagos. Também há relatos de falta de transparência quanto ao conteúdo da petição ou ao andamento do processo.
A análise do modelo indenizatório permite uma comparação dos recursos empregados nesse sistema e os valores previstos para contratação das Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) que, nesse mesmo período, foram reduzidos. Até o final de 2021, dos 35 planos de trabalho apresentados por assessorias para 21 territórios, apenas três estavam atuando com contratos em vigência. As ATIs têm como atribuição apoiar as vítimas na busca pela reparação integral e coletiva, bem como ampliar e facilitar a participação direta das vítimas, enquanto no Novel a ênfase é apenas na reparação indenizatória e individual, exigindo-se a atuação de advogados para acesso ao sistema.