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O DIAGNÓSTICO

Gavias SliderLayer - DIAGNOSTICO

  • DIAGNÓSTICO
    Os principais achados
    do Projeto Rio Doce

O desastre do rompimento da Barragem de Fundão afetou profundamente a população dos municípios ao longo do curso e da foz do Rio Doce. Os impactos foram sentidos nas mais diversas dimensões da vida de milhares de pessoas atingidas: econômicas, habitacional, aumento da violência e da incidência de doenças, da discriminação racial, da evasão escolar. Seus efeitos atingiram severamente os modos de vida de diferentes populações tradicionais que habitam a região, cujo modo de vida depende do uso de recursos naturais, como é o caso dos povos indígenas Krenak, Guarani e Tupiniquim

Nesta página você encontra avaliações, análises e diagnósticos que o Projeto Rio Doce elaborou para diferentes temas. Você encontrará também um Banco de Narrativas das pessoas atingidas pelo desastre, composto por um acervo inédito de fragmentos narrativos registrados pelas equipes do Projeto Rio Doce durante 251 interações de campo, entre oficinas, rodas de conversas e entrevistas realizadas entre 2019 e 2022.

Para chegar aos resultados e considerações aqui apresentadas sobre os danos socioeconômicos causados pelo desastre, as equipes da FGV usaram dados primários (informações construídas diretamente com a população atingida) e secundários (bases de dados oficiais, publicações acadêmicas, entre outras fontes), ouviram as comunidades atingidas e aplicaram diferentes metodologias, por meio de abordagens interdisciplinares.

Para a construção de uma matriz de danos da Região Estuarina, Costeira e Marinha do Espírito Santo, por exemplo, foram levantados dados primários em oficinas e entrevistas com a população da região, a partir de uma abordagem abrangente e integradora, mantendo como premissa a centralidade da pessoa atingida. Foram também analisados dados secundários como decisões judiciais, notas técnicas e relatórios produzidos pela Fundação Renova e outras instituições, além de realizado um aprofundamento de danos imateriais causados a essas populações por meio de levantamentos primários, entrevistas com especialistas e estudos bibliográficos.

Na avaliação sobre Violência Doméstica, a FGV usou dados de denúncias do Ligue 180 e Disque Denúncia da Polícia Militar de Minas Gerais e, posteriormente, do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan) para comparação entre períodos. Essa pesquisa foi seguida de um aprofundamento qualitativo a partir de entrevistas com atores relevantes em amostras de três municípios atingidos: Mariana (MG), Tumiritinga (MG) e Baixo Guandu (ES).

Quando não foi possível usar as fontes primárias de informação, o diagnóstico apoiou-se nos dados secundários. Essa foi a proposta trazida pela FGV quanto aos estudos sobre Saúde, para os quais, além da análise de seis bases de dados do Sistema de Informações em Saúde, seria desejável incluir exames laboratoriais das pessoas nas regiões atingidas. Esse levantamento primário, porém, não pôde ser realizado devido à disputa judicial movida pela Samarco.

Para o diagnóstico de Educação, a FGV utilizou dados dos Censos Escolares coletados pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), enquanto para Economia analisou os bancos de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Relatório Anual de Informações Sociais, solicitado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, além de metodologias para estimar a perda do PIB nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Já para a análise sobre Agropecuária, foram verificados dados do Produto Interno Bruto Municipal e do Censo Agropecuário para medir a perda do Valor Adicionado Bruto Agropecuário (VAB Agro).

Em um estudo sobre o impacto do desastre na Mulheres atingidas, as equipes do Projeto Rio Doce realizaram uma abordagem qualitativa que contemplou narrativas, entrevistas com pesquisadoras especialistas em questões de gênero e pesquisas bibliográficas, além de rodas de conversa.

Ainda como parte do Projeto Rio Doce, foi realizada em 2022 uma pesquisa domiciliar amostral, chamada Pesquisa Domiciliar Participativa, para diagnosticar as atuais condições socioeconômicas da população residente na área atingida e, assim, produzir dados primários sobre a temática em questão.

A página dos diagnóstico dos danos socioeconômicos também traz um relato sobre a situação de invisibilização da comunidade de Gesteira, localizada no município de Barra Longa (MG), às margens do Rio Gualaxo do Norte, uma das três que foram inundadas e soterradas pelos rejeitos de minério.

Acervo inédito reúne relatos da população atingida sobre o desastre

PIB encolheu cerca de R$ 250 bilhões em Minas Gerais e no Espírito Santo entre 2015 e 2018

TTerritórios atingidos registraram perda média de 2,39 anos de vida por indivíduo

Estudo amostral revelou dificuldades na inserção no mercado de trabalho e redução na renda média da população

Cresceu a evasão do Ensino Regular e de outros programas educacionais, assim como a probabilidade de repetência

Atividade do campo sofreu com redução da produção e aumento de custos, com perda média de R$ 22,4 milhões de valor adicionado em 3 anos

Demora no reassentamento mantém famílias em moradias temporárias ou em situação de risco

Os povos Tupiniquim, Guaranis e Krenak perderam, entre diversos outros prejuízos, renda, meios de subsistência e qualidade das relações socioculturais e familiares em quatro Terras Indígenas localizadas na área atingida

Desemprego quadruplicou na região e perda de renda é estimada em R$ 11,6 milhões

Apesar de as empresas insistirem no não-reconhecimento desses territórios como atingidos, identifica-se danos decorrentes do desastre que comprometem a fruição de direitos individuais e coletivos ligados às diversas relações econômicas, sociais, culturais e ambientais

Piora na situação de vulnerabilidade entre atingidas

As notificações de casos de violência doméstica física nos municípios atingidos pelo desastre foram 8,4 vezes maiores do que o aumento verificado em municípios não atingidos.

As notificações de violência psicológica e moral representaram a segunda maior notificação de violência quando comparadas com o período pré-rompimento (134,9% de aumento)

A invisibilização de uma comunidade